DENIZART PEREIRA DE MELLO FILHO
(Rio de Janeiro, RJ, Brasil)
("Eu, filosófico. Eu, satírico; Eu, lírico, Eu dramático; Eu, confuso, como confusa é a minha vida; mas sempre Eu, autêntico."
MELLO FILHO, Denizart de. Um pouco de mim. Poemas e pensamentos. Rio de Janeiro: 1977 14 X 18 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda - Doação do livreiro Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito
LÁGRIMA DE PALHAÇO
Perquirindo os tabus da natureza,
na incessante busca procedida,
encontrei, desta vez, tenho a certeza,
a mais alta expressão moral da vida.
Ombreando com a Fé, sua grandeza,
é também incapaz de ser medida;
quanta altivez senti, quanta nobreza,
eu entrevi na lágrima caída...!
Não na que exprime a dor, que enfim se acalma,
nem naquela que é só contentamento,
mas na que nasce fundo, dentro d´alma.
Oh! límpido perfil que em rima traço,
pura e fiel, és toda sentimento,
te percebi nos olhos de um palhaço!
ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Olho ao redor de mim, não vejo nada;
somente o "tic-tac" pendular
do meu relógio, em meio a madrugada,
o silêncio total, vem perturbar.
Dirige-me a palavra: — caro amigo,
eu sou o TEMPO, eu quero te ajudar;
vou voltar ao passado, vem comigo,
e tua solidão vou dissipar...
... E pude, então, durante alguns momentos,
revendo o meu passado, ser feliz...
Novamente, por mal de meus tormento,
lembrou-me o meu amigo: — torna, agora... !
Volto ao presente, inútil, infeliz,
esperando um futuro que apavora !
O FIM
Quando a sombra da noite, lentamente,
sobre o infinito de minhas ilusões
cair, por fim, de um modo permanente,
e eu só tiver maléficas visões!
Quando tudo que eu via, claramente,
tornar-se em caos, em larga escuridão
e me restar, na vida, tão-somente,
da humanidade infame, a compaixão!
Recordarei, em rápidos momentos,
tudo aquilo que amei em minha vida,
E no terço sem fim, dos sofrimentos
eu rezarei, no auge da amargura,
poucas preces de dor, de despedida,
que, fibrilando, o coração murmura!
*
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Página publicada em agosto de 2021
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